Anna - 49 dias


Anna - O primeiro encontro
Fevereiro 2013

Na épocaEu tinha dois empregos, era jovem, de dia trabalhava no primeiro a noite no segundo, me sentia o Julius e tinha orgulho de dizer. Minha filosofia de bem estar estava em alta, e humor também, não buscava alguém. Gostava de musica e dirigir de madrugada.

Trabalhava tanto e acreditava que não teria vida social ou amorosa, não saia pra procurar ninguem,

A minha rotinaJá que meu emprego principal era a noite, durante o dia não tinha o que fazer, então meu amigo me indicou para uma vaga numa loja de shopping, assim eu usaria meu tempo pra ganhar mais dinheiro ainda.  Entrava as 10h e saia as 16h, com almoço de uma hora as 13h.


O ambienteComo a maior parte dos Shoppings, nos deparamos com uma loja de departamentos disfarçada de loja de utilidades, a tal Americanas. Nas primeiras vezes que ia, acabava comprando um doce aqui e outro ali, até que vi a atendente do caixa. Aparentava ter seus 23 anos, pele branca, maquiagem escura na região dos olhos, o que indicava que ela tinha tendencias musicais e cabelos pretos, o que fechava o conjunto de um rosto tímido e distraído. 



Cada dia que ia para a loja queria ser atendido por ela, bom, não tenho tempo para sair e nem paquerar, então não custa nada ter um rápido contato com uma pessoa que me agrada só de olhar, quem poderia me julgar?

The move (A jogada)Certo dia, estava com um amigo de longa data, que também trabalhava numa das lojas, o mesmo que me indicou para a vaga. Estávamos em almoço e de forma religiosa fui ate a loja comprar meus o tal doce, e o incrível aconteceu, ela era a unica atendente, e ficava me olhando na fila, acho que estava esperando que eu fosse ate o guichê dela, pensei comigo mesmo: Ela estava me esperando, acho que com a frequência da minha vinda ela percebeu que não sou apenas mais um que vem a loja.


 Eu, como naqueles filmes em que o mocinho quer a garota, e do nada o universo lhe apresenta uma  oportunidade, e deve escolher se vai agir ou não. Me sentia o Dawson do seriado Dawson's Creek quando viu a Jen Lindley pela primeira vez e sabia o que tinha que fazer. Eu com meus 21 anos de idade também sabia, porem preciso que entenda o meu lado, sempre fui maduro, e é complicado puxar assunto com alguém em seu ambiente de trabalho. E este sim, era o desafio!

Chegou a minha vez:


- olá
- oi
- de novo, e com o mesmo doce
- sim, vi que você gosta desses
- eu adoro! gosto de tudo que é doce, principalmente panqueca! e você?
- panqueca doce? nunca comi.


Mais que papo é esse cara? você acabou com todas as chances. 

Não acredito que com este papo, de alguma forma em menos de 3 minutos ela me deu o numero de telefone, na época não utilizávamos o aplicativo WhatsApp, então seria contato via chamada ou SMS. Quem diria hein. 

Más, não tinha acabado ali.

O contatoNão mencionei, mas nesse primeiro papo com ela, de alguma forma ela deve ter entendido que eu tinha namorada, so descobri isso mais pre frente. Mas nos primeiros contatos aconteceu o seguinte: Ela me atendeu uma vez só, e depois que descobriu meu numero não atendeu mais. Até que alguns dias depois, liguei novamente, Umas 20h da noite numa sexta feira, queria convidar para tomar algo ou comer quem sabe. Ai ela atendeu.



- oi
- hey! Anna aqui é o lucas, tudo bom!?
- sim, meio ocupada.
- bom não sabia que estava ocupada, olha achei que estaria em casa a essa hora.
- não, estou no outro emprego.

Meu deus! ela tem dois empregos!!!!

- outro emprego? achei que você trabalhava só na loja. 
- não, de dia trabalho na loja, e de noite faço confeitaria de bolos de casamento.

Santa mãe de deus! naquele momento me imaginei no episodio de How I Met Your Mother em que o Ted conhece a mocinha apelidada de Victoria na noite anterior num casamento.  E  depois de passar o dia seguinte tentando descobrir quem era ela, descobriu que ela é a confeiteira do bolo, achou a loja e ela o viu, pois também estaria a procura dele, correu ate ele e is dois se abraçaram. 


Sera que aconteceria?

- Wow! que legal! para ser honesto também tenho dois empregos. Que hilario, não acha...
- sim, não sabia, más olha, não era pra você estar com sua namorada agora?
- namorada? não!, não tenho namorada, sou solteiro, não da tempo de namorar (Falei com redundância pra deixar bem claro!)
- você disse pra mim que tinha compromisso...
 - acho que deve ter havido um engano, meu compromisso era com o primeiro emprego (risos). Más, então você não me atendeu outras vezes porque achava que eu era comprometido?
- (risos) sim!
- bom, agora sabe que não sou, e ai, quer aproveitar as semanas que ficamos sem contato e nos encontrar, talvez conversar bastante, quem sabe. (Sim eu queria sair com ela)
- hum... uhum, adoraria! te ligo amanha. Ok?

 Aeho! ela ta afim! isso ai garoto!

O encontro:Bom, ao contrario de todos os encontro que vi, ouvi e assisti (na tv). Este encontro com a Anna  começou todo errado, com tendencias a piorar mais ainda.


Combinamos de nos encontrar no shopping em que trabalhávamos, eu estava de folga da loja e estava sentado numa cafeteria esperando o expediente dela acabar. 

Quando ela veio perguntei se queria tomar algo comigo, acho que ela deve ter imaginado que eu estava a convidando pra beber álcool, más eu, na verdade queria leva-la numa cafeteria, a Fran's Cafe de preferência, queria passar uma imagem de que não sou vagabundo ou tendêncioso. a final estou querendo impressionar uma moça que parece ter responsabilidades.

-Entra no carro.

-Não!

Pelo subtitulo parece que fui grosso, más não foi bem assim. Ela achou que íamos de apé, pois ela nunca entraria num carro de um estranho.  E, bom neste caso nós temos o estranho (Eu) e tinha um carro. Ela andou comigo ate o estacionamento, até porque era também a saída do Shopping, quando cheguei no carro, falei:


- deixa que abro a porta pra você
- vamos de carro?
- sim, más é perto.
- não sei, não te conheço.
- haha não vou te dopar. 
- não sei (ela disse com feição de desconfiada)
- a onde vamos?
- segredo! (acho que foi isso que a fez ficar com um pé a trás)
- isso não me parece bem.


Ela esta certa em desconfiar, a final não me conhece mesmo.

- Anna, parece que estamos começando com o pé esquerdo. 

Fui ate o lado da porta onde ela estava, me aproximei e disse:

- Olha, a intenção de nos encontrarmos hoje, é de nos conhecer, quero saber mais de você, pois você realmente chamou minha atenção. Mas sabe, isso não é só sobre mim. Depende de você também dar a abertura para que isso flua. De agora, ate o fim da noite podemos ser muitas coisas, ate mesmo nos conhecer o suficiente para poder ter uma ótima amizade. Estou aqui para a diversão, E você?

Ela olhou pra mim, olhou para a porta de entrada do Shopping. Deu um sorrido de lado, não disse nada. Abri a porta do carro e ela entrou.


Descobrindo a AnnaEstávamos a caminho do Fran's cafe, porem começou a chover. E não existia uma possibilidade de sair do carro sem se molhar. Conversando com ela, descobri coisas muito importantes e que me fizeram querer segurar esta garota! ou melhor, mulher!


- Voce mora aonde?
- Moro em Osasco, e você?
- Carapicuíba. Tem problema você chegar tarde?
- não, moro sozinha 

Então algumas peças do quebra-cabeças se encaixaram, ela tem que trabalhar em dois lugares para sustentar a casa em que vive. Não depende de ninguém. E isso deixa as coisas bem mais interessantes, a final é raro encontrar uma pessoa independente.

- Voce tem cara de que gosta de escutar algo pesado, com som de cordas e percussão, tenho alguns CDs que escuto sempre. 


Entreguei o porta CDs na mão dela, queria saber como ela reagiria ao ver cada CD.

- Hum, Alanis, John Mayer, Black Sabbath, voce tem um otimo gosto!
- você também gosta de metal?
- adoro metal! escuto a radio Kiss, sempre!. O que é esse CD Condenados?
- é a trilha sonora de Rainha dos Condenados, ja escutou?
- não, posso colocar?
- claro!

                                           Tem como ser mais perfeita? não pode ser!

Conversa vai e vem, vimos que com a chuva não seria viável ir ao Fran's Cafe pois ela iria se molhar. A convenci a leva-la mais pra longe, Um outro lugar também espetacular. Dona Deola, a cafeteria restaurante e ponto de encontro ideal pra nós!

Enquanto não chegávamos, apresentei a faixa 4 do CD, Deftones - Change. Ela adorou!

ChegamosEncontramos uma mesa para dois, ela pediu um chopp e eu, bom... eu dirijo então pedi um café. Começamos a falar sobre amizade, filosofia e relacionamentos. O papo fluía muito bem, boas risadas foram ouvidas. 


Uma realidadeNão acredito em casos de pessoas que dizem se complementarem. Acredito em pessoas que se somam. Não podemos acreditar que um dia vamos encontrar a pessoa perfeita, isso é impossível. A final, se nós não conseguimos dar cem por cento de nós para ser bom pra nós mesmos, imagina para os outros?

Conhecemos pessoas diferentes o tempo todo, e todas tem aspectos bons e ruins por exemplo: Uma mocinha pode ser fiel ao cara, porem ela é devagar na cama. Ou o rapaz é atencioso, más não é trabalhador. Ela pode ser bonita, más não é sensível. Tudo junto, não vamos encontrar. 

Falamos de bem estar, amizade e sexo, disse a ela também, que acredito que o beijo é importante, se o beijo bate, se joga rs... se não bate, peça um Martini e vá dar uma volta. Disse também que quando conhecemos uma pessoa, descobrimos que a pele é um bicho traiçoeiro, quando você tem pele com alguém, pode fazer um papai e mamãe mais básico que acaba sendo uma delicia.

Percebi que ela começou a me observar com uma outra feição, talvez tenha mudado de ideia e acabe confiando mais.


Perto do Fim
Estávamos nos entendendo. Se aproximando um do outro a medida que tomamos ciência das semelhanças e gostos.

De repente, ela estende sua mão e a encaixa na minha, aperta e diz:
- E você acha que temos pele?